quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

O Corpo do Ator




"Meu corpo, ele próprio se move, meu movimento se desenvolve. Ele não está na ignorância de si, não é cego para si,  ele irradia de um si" (Merleau-Ponty)
O trabalho do ator é árduo, deve visar uma transformação sobre si mesmo em busca de tornar visível e palpável a invisibilidade interior. 
Ele vê, se vê e é visto. É necessário conhecer-se, um desejar transformar-se, um querer enfrentar-se. É preciso trilhar um caminho de autoconhecimento, de comunhão com o mundo e de expressão no e do mundo. Fazer teatro é, sobretudo, uma opção total de vida.
É importante estudar o corpo. E como foco de atenção, o corpo se potencializa no teatro e na dança, não apenas como seu principal instrumento de criação, mas também  como veículo de transmissão de informações. O corpo do ator deixa o registro de uma estética e, o teatro enquanto arte, também tem o poder de demonstrar e até mesmo impor novos modos de ver.
O corpo possui uma linguagem própria, culturalmente incorporada, intrinsecamente ligada à história individual do sujeito. O ator deve buscar a sua linguagem expressiva, desestruturando-se, reconstruindo-se infinitamente...

Pesquisa é fundamental



Estou num processo de pesquisa para a construção de uma dramaturgia infantil . Quero escrever um espetáculo bem legal sobre a história do "Flautista de Hamelin". Essa história sempre me fascinou. Para qualquer processo, é fundamental o trabalho de pesquisa. Creio que esse seria um dos pontos que distinguem um teatro profissional de um amador. Há dois meses estou vendo vários espetáculos infantis pela internet , lendo várias versões escritas dessa história, e estudando corporeidades diversas. 
A sensançao que às vezes tenho é que o espetáculo está travado... mas é normal. Não há pressa quando queremos construir algo bem feito. O processo de pesquisa deve permear todas as etapas da construção de um espetáculo, desde o seu embrião até sua maturidade. A pesquisa alarga horizontes e promove um processo criativo mais rico. 
Os palcos merecem espetáculos de excelência... o público agradece!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Crítica teatral - "Arruda com Alecrim"


Espetáculo: "Arruda com Alecrim"
Cia Oops!

A alegria explode na apresentação das personagens, em “Arruda com Alecrim”!
É bonito notar como as atrizes Sol Silveira e Thamis Rates, juntamente com os atores João Bosco Amaral e Francisco Nikollay, ganham o público desde o primeiro segundo da  encenação. Todos são carismáticos, movendo-se com habilidade tanto nos momentos mais animados quanto naqueles mais densos.
A direção de Sandro Freitas, é excelente sob todos os aspectos. Ele conseguiu “maestrar” um espetáculo que nos conduz ao interior de Goiás, em muitos momentos nos vemos andando nas ruas tendo contato com moradores interioranos. Uma sensação bastante prazerosa.
Muitas gargalhadas foram arrancadas pelos personagens, que com um texto muito bem escrito, trás uma linguagem bastante peculiar de quem mora na fazenda. Mas , não se trata de uma cidade de interior? Ou a história se dá na fazenda? Vamos pensar de moradores da fazenda que se mudaram para o interior... a miscelânea ficou muito engraçada e cativante.
“Arruda com Alecrim” trata-se de uma história de amor, nos moldes de Romeu e Julieta. Clichê? Jamais! Aí está a genialidade do espetáculo. O conjunto da obra cria um espetáculo inédito, com uma comédia natural, sem apelações, onde fica evidente a inocência de cada tipo apresentado.

Thamis – a atriz em todos personagens que interpretou mostra grande presença de palco. Ela migra do extremo da doçura, para a personalidade colérica. A sensação é que tivemos duas atrizes diferentes no palco... mas não é que era a mesma? A espetacular Thamis!

Francisco – Consegue ser um velho, que tinha tudo pra ganhar a antipatia do público, mas o contrário acontece: todos ficam torcendo para que esteja no palco. E só em aparecer, as risadas começam . Em algums breves momentos ao vê-lo em cena, ainda percebemos resquícios de personagens de outros espetáculos, mas isso se torna insignificante perto do sucesso que Nikollay está em “Arruda com Alecrim”.

João Bosco Amaral – Há 6 anos atrás, quando não o conhecia, tinha outros “ídolos” teatrais. Não consigo ser neutro ao escrever críticas sobre João, pois minha admiração ao seu trabalho me impede de olhá-lo com outros olhos, que não sejam de contemplação. João Bosco em “Arruda com Alecrim” nos emociona, nos passa inocência e pureza, provoca gargalhadas e nos contagia com seu olhar apaixonado pela sua amada. Muito importante salientar sua atuação ao lado de Nikollay, a relação entre pai e filho torna-se um dos pontos altos do espetáculo. O público gosta muito de vê-los juntos... os dois atores? Ou os personagens pai e filho? Não sei , mas as cenas foram maravilhosas entre eles. João Bosco consegue se superar a cada personagem. Qual o limite para esse ator? Tomara que eu nunca descubra...

Sol – Quem é Sol? Não a vemos no espetáculo. O que visualizamos são personagens maravilhosos que nos hipnotiza. A pessoa Sol Silveira desaparece ao entrar um personagem masculino com sua construção vocal e corporal. Não foi preciso força para acreditar que ali estava um rapaz. Mas a mente sempre insiste: ei, não é homem é a Sol! E quando isso acontece, impossível não rir, essa talvez seria a mágica da cena. Ei quando pensamos que a Sol iria até o final do espetáculo como um personagem masculino, eis que surge a Sol feminina, inocente, apaixonada e decidida a conquistar o coração de todos. Sua presença como moça interiorana rica e apaixonada, nos leva a viver com ela, a linda e impossível história de amor de sua vida. Simplesmente... emocionante! Impecável a atuação da grande Sol Silveira.

E não podemos esquecer da musicalidade do espetáculo, com cada ator tocando um instrumento. Perfeito!
Parabéns a todos envolvidos na construção desse maravilhoso espetáculo... GOIANO!!!!!!!!!!!!!

Por Jaime Júnior

terça-feira, 19 de maio de 2015

RELAXAMENTO

EXERCÍCIOS DE RELAXAMENTO

    Se o exercício de aquecimento dos músculos do corpo é necessário, o mesmo provoca o endurecimento do mesmo e para se ter uma boa representação teatral se faz necessário o corpo estar completamente relaxado, ou seja, sem tensão, para que o ator não entre duro no palco.Como disse numa entrevista ao Jô Soares, o ator Juca de Oliveira, o ator relaxado não e´ notado pelo público, é como estivesse invisível. Dicas de exercicios para relaxamento, teatro iniciante:

b-1) VIAGEM IMAGINÁRIA - Os atores deita-se de costas no chão, braços de lado, sem cruzar as pernas, de olhos fechados. O professor deve pedir que imaginem que seus corpos estão muito pesados, afundando no chão. Deve mencionar lentamente as diferentes partes do corpo, todas elas se tornando mais e mais pesadas: dedos, tornozelos, pulsos, unhas, pescoço, cabelo, pálpebras. Deve pedir que imaginem estar numa praia de areia macia e quente, num dia ensolarado. Deve pedir que se imaginem cercados de sons do mar – ondas arrebentando na praia, gaivotas gritando ao longe. Então, quando se sentirem prontos, os atores levantam-se vagarosamente e abrem os olhos, permanecendo quietos. E o professor deve dizer que a partir daquele momento os alunos já podiam iniciar a viagem imaginária.

b-1.1) VIAGEM IMAGINÁRIA I – Após os atores se levantarem, o professor deve pedir-lhes que imaginem e interpretem o seguinte: afastam-se da praia, sobre dunas de areia e grama alta. Entram numa floresta sombria que se espalha por todas as direções. Depois do calor da praia, a floresta está fria e escura. Percebem que não sabem mais onde estão e começam a ouvir sons estranhos, assustadores, que vêm de todas as direções. Procuram cada vez mais freneticamente por sinais reconhecíveis. Então, através da escuridão crescente, avistam uma outra pessoa (outro ator) na floresta. Sentem-se aliviados por se encontrarem e dizem um ao outro, em pantomima, como se perderam. Continuam juntos. Enquanto isso, os sons ficam mais próximos, parecendo mais perigosos; a noite torna-se mais fria e assustadora. Cada par de atores encontra um outro par; trocam histórias, em pantomima, e continuam juntos como quarteto. Descobrem uma escarpa rochosa que se eleva sobre ambos os lados, a perder de vista. Um membro do grupo encontra uma abertura sob a escarpa, larga suficiente para uma pessoa passar rastejando. Os membros do grupo ajudam-se mutuamente para atravessarem a abertura, encontrando-se então de volta a quentura e à luz do sol.

b-1.2) VIAGEM IMAGINÁRIA II - Após os atores se levantarem, o professor deve pedir-lhes que imaginem e interpretem o seguinte: eles vêem e sentem o sol se escondendo atrás das nuvens; o vento ficando cada vez mais forte. Começa a cair à chuva – a princípio, somente alguns pingos isolados, transformando-se logo após num aguaceiro frio fustigado pelo vento. Recolhem seus pertences na praia e correm para se abrigar numa pequena choupana nas redondezas. Entram e encontram lenha para acender o fogo. Quando o fogo começa a arder, os atores se aquecem, até que se sintam novamente confortáveis. Olham através da janela e vêem o sol se abrir novamente. Tentam abrir a porta e descobrem que
não podem sair. Forçam-na e empurram-na, em vão. Ouvem, de repente, um som agudo que lhes fere os ouvidos. Silêncio então. Tentam sair novamente à porta ainda está trancada. Olham em volta e vêem outra porta, uma porta muito pequena. Tentam abri-la e ela se abre, revelando uma passagem estreita. Entram no corredor, que é frio e cheio de obstáculos. Ele se torna úmido e lamacento, ficando depois empoeirado, cheio de teias de aranha, morcegos voando e ratos correndo. A passagem fica cada vez mais estreita, tornando-se, por fim, tão estreita que os atores não podem se mover. Empurram as paredes, mas, misteriosamente, elas se movem em direção a eles. Os atores descobrem uma corda que pende do teto e a puxam. De repente estão livres. A luz é tão forte que seus olhos doem. Descobrem estar numa sala grande e bonita, a sala mais bem, mobiliada em que jamais estiveram, com janelas altas, cortinas, lareira, tapetes persas. Percebem que estão elegantemente trajados. Encontram comidas – as suas prediletas – em um bufê. Vêem amigos na sala e os cumprimentam calorosamente, em pantomima. Contam, em pantomima, suas aventuras. O tempo passa; os convidados ficam cansados e se vão.

b-1.3) VIAGEM IMAGINÁRIA III – Após os atores se levantarem, o professor deve pedir-lhes que imaginem e interpretem o seguinte: caminham por uma pequena estrada que vai da praia até uma cidadezinha. O dia ainda está lindo e ensolarado e eles muito felizes. Cada ator vê alguém que conhece; formam pares. Cumprimentam -se e contam um ao outro, em pantomima, algo maravilhoso que lhes ocorreu neste dia. Os atores devem estar atentos para fazer pantomima do ouvir e do reagir, assim como do falar. Os pares separam-se e os atores continuam andando individualmente pela cidadezinha. Os ânimos modificam-se no que eles caminham para mais longe. Os atores olham para seus relógios: estão atrasados para um compromisso importante! Ao andarem pelas ruas lotadas, todos os outros parecem ir muito devagar. Esbarram em bons amigos; cumprimentam-se cordialmente, mas com pressa explicam, em pantomima, as razões por estarem tão apressados, pedem desculpas pela afobação e partem. Continuam a correr para o seu compromisso e descobrem, quando lá chegam, que a porta está trancada - saíram cedo para almoçar. Os ânimos modificam-se novamente. Sentem-se irritados, frustrados. Caminham pela cidade, com raiva do mundo. Vêem conhecidos de quem não gostam, mas com quem sentem que devem agir cordialmente. Formam pares e trocam cumprimentos com relutância, explicando, em pantomima, seu mau humor. Separam-se. Ao continuarem sua mal-humorada trajetória, avistam subitamente um cartaz de “liquidação” – 50% de desconto em algo que querem há muito tempo. Novamente, o humor transforma-se. Conferem em suas carteiras-sim, há dinheiro o suficiente! Entram na loja e compram o objeto. Saem, carregando alegremente sua nova aquisição. Encontram com amigos e contam, sempre em pantomima e nunca falando, sobre sua boa sorte. Convidam -se para um refrigerante ou um sorvete numa lanchonete próxima.

b-1.4) VIAGEM IMAGINÁRIA IV – Após os atores se levantarem, o professor deve pedir-lhes que imaginem e interpretem o seguinte: vagueiam pela praia até a base de belas montanhas cobertas de neve. Observam por algum tempo as montanhas que agora cercam em todas as direções. Decidem preparar um lanche para um piquenique e sair para uma
Caminhada. Escolhem cuidadosamente frutas e bebidas de um armário que acaba de se materializar; fazem sanduíches grandes e cortam fatias de seu bolo predileto, embrulham tudo e colocam em cestas. Começam então a subir as montanhas. A trilha fica cada vez mais tortuosa, fazendo zigues-zagues. Param ocasionalmente para olhar a maravilhosa paisagem, tomando fôlego e enxugando a testa. Na trilha, cada um encontra um amigo. Contam, em pantomima, seus planos para o dia e decidem continuar junto. Sobem cada vez mais, ajudando-se nos trechos mais íngremes. Ficam cansados. O dia está quente e ensolarado. Encontram um local para o piquenique e sentam-se, admirando a vista. Desembrulham seus sanduíches. Está quente e o silêncio é grande. Subitamente, ambos pensam ouvir algo, algo incomum. Viram-se um para outro, questionando-se com os olhos. Não ouvem mais nada e retomam o piquenique. De repente ouvem outra vez o som mais alto: percebem estar ouvindo o som de uma avalancha. Reagem – Como? Agarrando-se um ao outro? Correndo? Tentando se esconder?

OBSERVAÇÃO – Você poderá desenvolver com facilidade as viagens imaginárias ou poderá deixar que os próprios atores (ou alunos?) as escrevam e conduzam. O requisito principal é que as situações sejam exageradas o suficiente para poderem ser imaginadas e respondidas rapidamente em pantomima, e que haja um mínimo de interação entre os atores.

b-2) RELAXAMENTO A TRÊS (para adolescentes e adultos) - A pessoa deita respirando profundamente, enquanto as outras duas testam suas articulações, ao mesmo tempo em que controlam sua respiração. Quem relaxa não deve colaborar em nada com seus relaxadores, deve brincar de "morto". Os relaxadores devem descobrir as tensões e fazer com que elas se desfaçam, com toques suaves nas articulações. Olhos fechados e respiração profunda devem ser uma constante na pessoa que relaxa. Cinco minutos são suficientes para um treinamento inicial, e logo esse relaxamento poderá ser substituído por jogos de relaxamento de caráter mais lúdico.

b-3) RELAXAMENTO NA CADEIRA - O participante senta-se na cadeira, totalmente relaxado, outro integrante testa o seu relaxamento tocando nas articulações dos braços, pernas e cabeça. De três a cinco minutos é tempo suficiente para tempo inicial. Esta variante pode ser utilizada quando as condições do chão não permitem deitar, ou como parte do processo de relaxamento em diferentes posições.

b-4) PENDURADOS NO ESPAÇO - (domínio do movimento) - Há um fio que nos prende verticalmente em alguma parte do corpo, essa, por sua vez, irá sendo sugerida pelo coordenador. Toda a tensão ficará nessa parte do corpo, enquanto as outras partes permanecem no mínimo de tensão, apenas o necessário para o corpo ficar na vertical, com o máximo de relaxamento, como uma marionete pendurada, as partes sugeridas são: mão, cotovelo, um ombro, dois ombros, costas, bumbum ou barriga. Pode -se usar uma música, com movimentação por todo espaço.
NOTA: este exercício aparece aqui em função de que o domínio do movimento e o relaxamento estão intimamente ligados. Ele pode, inclusive, anteceder o jogo das marionetes.

b-5) MARIONETES - Este é um tipo de relaxamento onde nossa imaginação é mais ativa, mas também representa um grande desafio à nossa perseverança. O participante deve imaginar que é uma marionete, dirigida por um marionetista que não conhece o seu ofício. Deve ser executado sem ansiedade e sem preocupação com os resultados finais, colocando toda ênfase em descobrir o peso e o relaxamento dos membros. A repetição permanente pode ser um bom caminho para obter bons resultados. os fios da marionete podem ser na cabeça, pulsos, ou cotovelos, sendo que será pendurada por um fio na base do pescoço e outro no cóccix, devendo caminhar a partir de fios no quadril e nos joelhos. Quando já existe um domínio da marionete poderão ser sugeridas motivações, e criadas diferentes situações para estes marionetes.

b-6) TENSÃO E RELAXAMENTO - Deitados no chão, bem relaxamento, respirando profundamente. O coordenador dá o sinal "Tensão", e todo o corpo se contrai fazendo uma figura rígida a partir do chão, por uns segundos, e mantendo o equilíbrio dessa figura. Ao sinal de "Relaxa" a pessoa solta todo o corpo, caindo relaxada. O importante desse exercício é sentir através do "choque", a tensão e o relaxamento em forma extrema.

b-7) ESPREGUIÇAR SOLTANDO A VOZ-Após o relaxamento deve-se esticar os músculos do corpo e espreguiçar, em voz alta, sem tensionar o pescoço, mas tencionado só as partes que se esticam. o objetivo desta ação é usar como provocação, um tabu social, transformando-se em exercício de expressão. Espreguiçar em sentido vertical, horizontal e no chão, esgotando todas as possibilidades.

b-8) CHUÁ - Este exercício é de fácil realização. O aluno que vai ser relaxado é envolto por três ou quatro relaxadores que colocam as duas mãos sobre sua cabeça e ao sinal do orientador descem as duas mãos rapidamente pelo corpo do aluno a ser relaxado, dizendo chuá, como se fosse um "passe" de Umbanda. Deve-se repetir por umas três vezes este exercício em cada pessoa, para que ocorra o efeito esperado de relaxamento.

b-9) A REDE - Este exercício segue os mesmos princípios do exercício da viagem imaginária, ou seja, os alunos devem deitar-se de costas no chão, braços de lado, sem cruzar as pernas, de olhos fechados. O professor deve pedir que imaginem que seus corpos estão muito pesados, afundando no chão. Deve mencionar lentamente as diferentes partes do corpo, todas elas se tornando mais e mais pesadas: dedos, tornozelos, pulsos, unhas, pescoço, cabelo, pálpebras. Deve pedir que imaginem estar numa praia de areia macia e quente, num dia ensolarado. Deve pedir que se imaginem cercados de sons do mar – ondas arrebentando na praia, gaivotas gritando ao longe. Então, quando se sentirem prontos, os atores levantam-se vagarosamente e abrem os olhos, permanecendo quietos. Após esta fase inicial igual, o exercício começa a se diferenciar, quando o professor pede para que os alunos comecem a imaginar que existe uma rede embaixo deles nesta praia e que esta rede começa a subir e passar dentro dos seus corpos e retirar todas as impurezas de suas vidas: Toda maldade que houverem praticado, todo medo que tiveram, toda inveja que tenham tido, toda briga com amigos ou familiares, toda intriga que praticaram, toda discórdia que

realizaram e que a cada coisa que esta rede está retirando eles ficariam mais leves, cada vez mais leves e que quando a rede saísse de seus corpos eles começariam a flutuar e pegariam esta rede e a enrolariam e a levariam voando para dentro do mar, cada vez mais longe, cada vez mais longe, até chegarem no meio do oceano, onde não existe nada mais do as ondas com suas perfeições. Então cada um deveria jogar sua rede nestas ondas e veria nestas ondas perfeitas todas suas maldades, todos seus medos, todas suas invejas, todas suas brigas com amigos ou familiares, todas suas intrigas, todas suas discórdias se dissiparem nestas ondas. E ao terminar, o orientador diria: “- Vocês vão voar de volta à praia da qual saíram e lá encontrarão com os outros alunos e retornarão a pé de mãos dadas para este bairro (bairro em que se localiza a escola), para esta escola, para este local. Quando todos abrirem os olhos, passa-se a fase dois. O orientador realiza uma série de atividades (frases e gestos) e depois que todos façam-nas com todos os outros. As atividades - 1º) Cada um aponta para si e diz - Tudo de bom para mim! 2º) Cada um aponta para o outro e diz - Tudo de bom para você; e por fim 3º) Um aponta para o outro e se braça dizendo - Tudo de bom para nós. Este exercício é recomendado para unir uma classe ou um grupo de teatro.    

Exercicios de Aquecimento

A) EXERCÍCIOS DE AQUECIMENTO

    Todo exercício de aquecimento serve para duas coisas: 1ª) o aquecimento dos músculos do corpo como próprio nome diz e 2ª) estimular a concentração dos atores, uma vez que cada um dos exercícios trabalha com a postura, o olhar, o andar e os gestos feitos na perspectiva de além aquecer, fazer concentrar os atores. Algumas dicas de exercicios para iniciantes:

a-1) Movimentar o corpo em Circulo (girando em quatro pontos) ou Triângulo (girando em três pontos) - O exercício consiste em girar no sentido horário e voltando no sentido anti-
horário (em quatro ou em três pontos) todas as juntas do corpo (1º) um pé e depois outro; 2º) as mãos e depois a outra; 3º) o quadril; 4º) a cabeça, pode-se rodar também os cotovelos) (duração - de 10 a 15 minutos).

Observação - Este exercício pode ser feito em pé ou sentado (neste caso para mexer os pés e as mãos há ajuda das mãos) (com as mãos, sua duração é de 15 a 20 minutos).

a-2) Atingir o objetivo I - O ator anda tal qual um manequim (peito para fora, barriga para dentro, ombros retos, pé ante pé, braços em movimentos regulares, cabeça virada para frente e o ator tem um andar firme e preciso), olhando para um ponto, indo até ele, e ao atingi-lo, fixar-se em outro ponto, e ao chegar a este, fixar-se em outro e assim por diante.(duração - 10 minutos)

Observação - O ator não deve conversar, olhar para o lado, fazer curva ou desviar de seu caminho, quando tiver cruzando com outro ator deve esperar, dando uma parada estratégica, que o outro passe para continuar a sua rota.

a-3) Atingir o objetivo II - Segue o exemplo do exercício acima em quase tudo somente difere do outro, porque ao invés de atingir o objetivo, quebra-se na metade do caminho, portanto o ator se fixa num objetivo e anda até a metade deste e quebra para esquerda ou direita, então se fixa em outro objetivo e quebra na metade para esquerda ou direita e assim por diante.(duração - 10 minutos)

a-4) Jogar luvas e sapatos - Os atores fingem que estão chegando em casa e fingem que jogam luvas e sapatos continuamente.(duração - 10 minutos)

a-5) Quebrar Tudo - Os atores fingem se encontrar numa loja de cristais cujo dono se odeia muito, então cada ator começa a destruir através de gestos esta loja fictícia (pedem-se gestos bastante fortes e que cada ator reproduza o som do cristal que se quebra). Este exercício coloca toda agressividade para fora e tem como função até acalmar ao ator.(duração - 10 minutos)

a-6) Abecedário em movimento - Os atores vão se movimentando, pronunciando as letras e fazendo estátuas. Este é um exercício co algum grau de dificuldade, uma vez que deve se associar o tom da voz com onde se produz à estátua (embaixo, no meio ou em cima), isto tudo em movimento, com paradas quase imperceptíveis, somente para se compor à estátua. Este é um exercício que trabalha muito forte com a concentração e com a coordenação motora fina.(duração - 10 minutos ou pelo menos umas três vezes cada grupo de alunos)


a-7) Quem quiser do frio se esquentar - O exercício consiste em fazer uma roda, uma canção (quem quiser do frio se esquentar, preste atenção no que eu vou falar) que é repetida pelo mestre de cerimônia (o professor ou aluno indicado por ele) e associada a esta repetição mexe-se alguma parte do corpo ou se faz algum exercício (um pé, depois outro, uma mão, depois outra, pulando, mexendo a cabeça, se agachando, fazendo polichinelo, etc). (duração - de 10 a 15 minutos)

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Trabalhando a Timidez



Existem alguns exercícios teatrais que você pode trabalhar com alunos muito tímidos, sem que eles perceba que estão sendo trabalhados nessa área. 
Não adianta dizer para o aprendiz:
- Você precisa perder a timidez!
Até porque, acredito que a timidez faz parte de cada ser humano, uns ela afeta em maior medida. Perdê-la não será possível, o que o teatro pode ajudar é ensinar a dominá-la e não deixar que ela se torne limites para nossas atuações.
Fazendo um círculo , peça para que cada aluno diga seu nome, idade e uma característica que ele possui, como:preguiçoso, sonhador, inquieto, romantico, etc. Por exemplo:
- Júnior,  14 anos e sou dorminhoco! 
Ao falar "dorminhoco" ele faz um gesto junto com a Palavra. Após terminar, todos do círculo repetem as palavras e o gesto que ele fez:
Todos: - Júnior, 14 anos e sou dorminhoco!
E assim com todos do círculo.
Assim, começa-se uma aula descontraidamente, e sem perceber todos falaram em público. 
Sugiro também os exercícios de Augusto Boal, Viola Spolin e Olga Reverbel. Vale a pena realizá-los, não só para o teatro, mas em sala de aula em qualquer disciplina!
Abraços e até o próximo post!!!!!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Processo de Construção "O Condenado" 16º Encontro

Começamos o ensaio com aquecimento e abdominais. Fiquei alguns minutos pulando corda e falando o texto.
Passamos as cenas, e era me pedido várias intenções novas no mesmo trecho. O diretor sempre me cobrava que trouxesse para o ensaio coisas novas. Que eu realizasse um processo de pesquisa pessoal em casa e apresentasse algo novo.
Após passar o ensaio várias vezes, nos sentamos para conversar.
O diretor me dizia que a sensação que ele tinha é que eu não estava entendendo o texto. Apenas tinha decorado. Ele leu toda uma cena, explicando quase que palavra por palavra. Explicou intenções, sentimentos. Fui descobrindo o quanto o texto era rico. Seu sentido transcendia , e muito, o mero significado das palavras.
Também, ele pontuou e reafirmou os mesmos problemas de sempre, que já os citei no encontro anterior. Teríamos que dar um novo tempo no processo, devido à viagens e programações no final de ano. A estréia ainda não seria em 2013. O processo está quase fazendo aniversário de 1 ano. rs

Processo de Construção "O Condenado" 15º Encontro

Antes de esplanar o que aconteceu no ensaio, quero  salientar aos leitores que a data da postagem não corresponde à data que aconteceu o ensaio. Sempre registro o diario em um caderno e quando tenho tempo e me animo, rs, digito aqui no blog. Vamos entao ao que interessa...
Hoje, Joao Bosco levou a atriz Sol Silveira para assistir o ensaio. Já começamos ensaiar diretamente , pois eu tinha chegado antes e já estava e alongando.
Ela ia filmar o ensaio. Fiz tudo que havíamos montado. Depois, começamos a passar a cena final. Eu estava muito nervoso, e quando fico nervoso, começo a rir. Isso irritou o diretor, pois parecia que estava debochando.
Começamos a conversar discutindo o ensaio. Pontos abordados pelo diretor:
- O texto não está bem decorado
- Está muito falso, sem verdade cênica.
- Tenho julgado meu personagem , enquanto tinha que defende-lo.
- Estou querendo me mostrar em cena, isso é obsceno com o público.
- Não me concentro, parece que nao estou levando a sério.
- Meu riso é um desrespeito com o diretor, ele se sentiu ofendido.

Depois a sol reafirmou tudo isso e me disse algo que martelou em minha mente depois o tempo todo: que eu nao dominava o publico, a cena. Eu deixava o diretor me dominar e ia fazendo as coisas que ele pedia. Um robô.
Enfim, eu precisava me dedicar, me concentrar, atuar de verdade.
Fui para casa pensativo. A sensação é que não estávamos progredindo.


Processo de Construção "O Condenado" 14º Encontro

Passamos 1 semana e meia sem ensaiar. Infelizmente, estou passando um período muito dificil em minha vida particular, isso tem me atrapalhado a me entregar nesse processo.
Começamos o ensaio com um aquecimento e alongamento. Enquanto estava alongando, meu diretor colocou um áudio de vozes falando textos  e trechos de livros .
Não entendi a princípio, e achei muito idiota. Como sempre julgando a mim, e a tudo. Mas, aquele som ia penetrando minha mente, de forma que nem pensava mais nos exercícios. Aquilo despertou em mim, uma sensação de querer ouvir a voz e as pausas. O som das vozes me davam prazer e me deileitava na sonoridade das palavras. Hoje, foi me proposto uma nova concepção de cena. E quando comecei a faze-la, estava numa energia interna estranha, os textos ouvidos ainda ecoavam em meus ouvidos, embora já tivesse sido desligado o áudio.
Essa sensação me deixou desconfortável, estava perdendo meu controle. Decidi tomar o controle da situação novamente. E me concentrei no que estava fazendo. Interpretava a cena convencido de que estava boa e que estava totalmente entregue.
Sempre olhava de soslaio para ver como estava meu diretor. Ele nunca me olhava, sempre fazia outras coisas no celular, ou anotava algo em um papel qualquer.
Ao final, ele me pediu para sentar e disse que estava horrivel. Que eu nao me concentrava. Que minha voz estava cantada e sem entonações. Não havia intençoes e muito menos verdade. Era tudo falso e meu corpo, totalmente desconexo com o que estava propondo fazer.
Fim de ensaio.

Processo de Construção "O Condenado" 13º Encontro

Diretor ainda viajando. Tive um ensaio sozinho. Cheguei, fiz alongamentos e corri por algum tempo, até sentir o suor escorrer na testa. Gosto da energia que isso me provoca.
Ensaiei a cena vagarosamente, fazendo tentativas de corporeidades. A impressão que tive foi que se passaram 2 horas de ensaio. Quando me cansei e olhei, havia passado apenas 20 minutos. O tempo não passava.
Tenho muita dificuldade em concentrar, até porque nunca havia me concentrado totalmente no que estava fazendo, pois sempre me aventurei na autodireção. Estava atuando e preocupado com inúmeras coisas ao mesmo tempo.  Era muito dificil pensar somente no personagem. Mas, vamo que vamo!!!!!!!
Ah...terminei o ensaio 5 minutos depois...

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Processo de Construção "O Condenado" 12º Encontro

Recomeçando os ensaios depois de 2 meses em recesso por motivos particulares. Hoje, ensaiei sozinho  por 4 horas. Passei cada frase do texto varias vezes, analisando e tentando encontrar uma intenção para cada gesto, para cada intenção de fala. Tentando acabar com uma certa linearidade nas entonações.
Um trabalho parecido com o método do "Frango Assado" descrito por Stanislavsky.
"O Condenado" é um texto intenso e com um personagem frágil, mas com personalidade forte ao mesmo tempo. Conformismo se mistura com picos de revolta, alguém encurralado  e pressionado. Retrato íntimo de todos que seguem um sistema social imposto.
Esse trabalho tem me feito refletir em muitos pontos e tem exigido muito de mim enquanto ator. Esse é um momento que estou trabalhando sozinho, sinto falta da presença de meu diretor.
Em um processo de montagem, é muito importante o trabalho do ator sozinho, seu estudo particular do personagem, do texto e das marcações é fundamental.
Nesse momento também estou num processo de redecorar o texto. Comecei desde o início e memorizando fielmente, cada letra.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Processo de Construção "O Condenado" 11º Encontro



O diretor chegou p esse encontro e já mandou fazer de imediato a cena. Nesse encontro íamos fazendo a cena e ele ia fazendo a marcação.  Meu diretor me deixou livre para criar o personagem e interpretar. Me deu várias dicas e a cada vez que repetíamos a cena eu me inspirava mais.

Ele salientou que não estava focando interpretação, mas sim intenções e a marcação de palco. Mas com certeza, seu olhar estava atento à minha interpretação precária, mas bastante compenetrada.

João Bosco, o diretor, tem o poder de fazer com que nos sintamos bem a vontade no ensaio. Claro que há correções, mas ele conduz de um jeito que nos inspira à extravasar e criar.

Após marcar grande parte do primeiro ato, passamos prá segunda parte do ensaio. Ele pediu prá que eu fizesse detalhadamente a partitura de meu texto. Com uma caneta e o texto na mão comecei então a fazer a partitura de dois trechos indicados por ele. Vinte minutos depois, ele pediu que eu lesse  o texto com a partitura que eu fiz.  Não ficou bom. Alías, ele me apontou inúmeros defeitos. E pediu para que eu repetisse.

Comecei tudo de novo, só que desta vez, me levantei e comecei a encenar e repetindo várias vezes  a mesma frase. Quando acertava a partitura, eu a marcava no texto. Mais 15 minutos se passaram, e consegui dessa vez fazer a partitura de apenas uma frase.

O diretor me convidou prá sentar e me explicou que esse era o caminho. Nos próximos 4 encontros, estarei sozinho, pois ele irá viajar, mas me pediu para ensaiar com as marcações, buscar possibilidades de interpretações e fazer detalhadamente a partitura no texto.

Enfim, foi o melhor encontro de todos. Voltei para casa pensando intensamente no personagem.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Processo de Construção "O Condenado" 10º encontro



Hoje , tive uma grande “preparadora de elenco” liderando o início dos trabalhos. A atriz Sol. Fizemos mais exercícios de alongamentos , todos exercícios novos. Trabalhamos muito as pernas. Fizemos também exercícios em uma enorme bola. Tive muita dificuldade, exigiu muito de mim.
Depois o diretor assumiu e começamos a trabalhar o personagem.  Fizemos a cena da cadeira. A cena possui uma mudança de olhar que precisa passar muito medo, desconfiança e revolta. Demorei me concentrar, me deu uma crise de riso . Fui repetindo a cena. Sempre ruim.  Comecei a me concentrar mais. Mesmo assim o personagem não estava fluindo.
Meu diretor pediu para fazer a mesma cena com várias propostas, não consegui. Faltava tudo: verdade, criatividade, intenção, interpretação, etc.
Comecei a intrigar meu diretor que começou um jogo de cena comigo, me provocando e me irritando, pedindo para que eu ficasse com mais raiva. Depois pediu para que eu corresse pelo espaço com muita velocidade e já cansando pedia prá eu correr e ao mesmo tempo realizar movimentos nos três planos: baixo, médio e alto.
Depois de um tempo, com uma respiração ofegante, ele pediu para que eu fizesse a cena com uma voz mais grave.  Realizei a cena com essa energia.
Nos sentamos e começamos a conversar sobre a montagem. Ele me pediu para tentar fazer a cena com várias possibilidades e assistir novamente minhas bases de pesquisa.

Processo de Construção "O Condenado" 9º encontro



Começamos os trabalhos com novos alongamentos, a cada encontro, posições novas . Nesse encontro, trabalhamos muito a coluna. Meu “preparador”  detectou os desvios de coluna que tenho, me explicou várias coisas sobre a coluna. Foram exercícios muito puxados.
Teve um exercício em particular que foi sobre a postura. Tive que andar com uma postura perfeitamente reta, após ter efetuado vários exercícios nesse sentido. Durante o processo, trabalhamos muito o meu andado. Como nasci com os pés tortos, durante 37 anos caminhei de modo errado e claro que isso têm conseqüências. Dei várias voltas pela sala trabalhando meu andado. Foi uma dificuldade muito grande. Todos exercícios feitos sempre pensando no personagem

Processo de construção "O Condenado" 8º encontro



Começamos novamente os trabalhos com fortes alongamentos. Hoje, trabalhamos muito a região do abdome. Depois, uma série com exercícios aeróbicos. Sempre uma sequencia de corrida pelo salão, contagem de 10 na “esfinge” e 10 abdominais. Essa sequencia repetida várias vezes.
Começamos novamente a trabalhar a cena da cadeira. Essa cena é de suma importância no processo. Um gesto tão simples, está sendo trabalhado, sentido e repetido, em busca de uma linha para o personagem.

Processo de construção "O Condenado" 7º encontro



Paralelo à este processo , existe um trabalho pessoal de pesquisa. Vi e revi o filme “O Processo” e também li e reli algumas partes do livro de Kafka. Assisti “O Silêncio dos Inocentes” e “A Ilha do Medo”. O que marcou muito foi o personagem do livro. Ele é meu grande referencial, embora começo a pensar um pouco no personagem de Leonardo di Caprio. A loucura anda de mãos dadas com o sistema imposto na sociedade. Onde começa a loucura, onde termina a sanidade?
Também fazendo parte desse processo, existe um trabalho de memorização do texto. Nos últimos dias, tive vários problemas pessoais muito sérios em minha família. Inclusive de envolvimento na saúde de minha esposa e filhinha. Isso me atrapalhou muito a decorar o texto. Ainda estou trabalhando na memorização,  com muita luta e persistência tenho conseguido.
Novos alongamentos e exercícios aeróbicos foram realizados. Hoje , entramos mais um pouco nas primeiras falas.

Processo de construção "O Condenado" 6º encontro



Nesse encontro cheguei mais cedo e comecei meus aquecimentos. Comecei com um breve alongamento e depois corri pelo salão por mais de meia hora. Corria declamando o texto. Meu diretor atrasou. Quando ele chegou, nós encontramos a pessoa que irá compor a trilha do espetáculo.  Fiquei um pouco à parte da conversa entre os dois, apenas observando. Diretor e o compositor conversaram sobre intenções, o rapaz mostrou algumas referências musicais e o diretor deixou bem claro que o rapaz estaria livre para sentir o texto e criar. Foi interessante a conversa. O rapaz levou o texto, disse que iria ler e contactaria alguns dias depois.
Nesse dia não descemos para o local de ensaio.

Processo de montagem "O Condenado" 5º encontro



Meu “preparador de elenco” sempre começa o ensaio com alongamentos pesados. Esses alongamentos que envolvem muitas posições orientais, nos trás uma tonicidade incrível.  Percebo o quanto sou sedentário. Concentro minha atenção nas dores que sinto, nos músculos que estão sendo trabalhados e na respiração.
Tive um problema com a formação dos meus pés. Sinto muitas dores, principalmente quando corro.  Todo esse processo realizo descalço. Confesso que isso me trás um grande desconforto, particularmente , não gosto.
Incrível como num processo cênico o simples sentar e levantar de uma cadeira, algo que fazemos milhões de vezes ao longo de nossa vida, se torna difícil  O problema é que fazemos tudo sem verdade, mecanizado. No palco, tudo tem um sentido, tem uma intenção. 
Hoje, o diretor me pediu para sentar e levantar de uma cadeira sem os apoios que realmente utilizo. Os novos apoios à serem utilizados me impuseram limites. Ou seja, não consegui me levantar. Incrível! E é algo fácil, meu diretor realiza esse movimento com muita facilidade.
É preciso entender que possuímos um centro de energia, que fica na região do abdome. Um grande referencial pode ser o umbigo. Exercitamos muito isso durante o processo. Arriscamos algumas palavras do texto, mas algo superficial. Ficamos muito tempo nas intenções do sentar e levantar da cadeira.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Processo de montagem "O Condenado" 4º Encontro




Hoje, mais um encontro para a montagem de “O Condenado”.  Mais de mês parados. Mas, agora vamos recomeçar de um modo mais intenso. Hoje, eu e o diretor João conversamos pouco sobre o espetáculo.  O ensaio foi cheio de abdominais, trabalhamos muito a coluna. Foram exercícios aeróbicos muito fortes. Realmente sofri muito.
Trabalhamos também uma série de exercícios sobre postura.
Amanhã, os trabalhos continuam...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

TEATRO IMAGEM


Boal em seu livro "Jogos para atores e não-atores" nos ensina varios tipos de teatro. Mas um eu gostei muito e até já realizei com alunos: o Teatro Imagem.
Com um grupo de alunos, monta-se uma cena com estátuas. Usa-se apenas corpo e objeto. Não há palavras.
A cena mostra visulamente um pensamento coletivo, uma opinião generalizada, sobre um tema dado. Os espectadores interferem e mudam a cena. 
Faz-se  o esquema: Imagem conflito X Imagem sonho.
Por exemplo:
- Montamos uma cena de pessoas morrendo a mingua numa fila do SUS. (Imagem conflito). O público discutiu o que estavam vendo e mudaram a cena para pessoas sendo bem atendidas.
- Montamos uma cena de uma criança sendo assediada por um pedófilo. (Imagem conflito). O publico mudou a cena para uma criança brincando e o homem trabalhando. (Imagem sonho).
Esse tipo de teatro gera a discussão e reflexão.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Processo de Montagem "O Condenado"" 3º Encontro

Hoje, sexta-feira dia 14.12.2012, tivemosmais um encontro. Eu e o diretor João Bosco, nos encontramos em um mini auditório que fica no subsolo de uma igreja. Um lugar amplo e silencioso. Fizemos uma nova leitura do texto que estávamos reescrevendo. "O Condenado" estava tomando um novo formato.
Discutimos mais uma vez sobre o livro e os filmes. Novos acréscimos foram feitos ao texto.
Depois, fiz um breve alongamento.
Com uma cadeira na diagonal, comecei a ler o texto e interpretá-lo, o diretor ia me passando algumas idéias. Muito poucas, queria me deixar livre.
De repente, ele me pede para correr pelo salão dando 20 voltas. Mas correr muito rápido, e ia gritando para correr mais rápido. Após as 20 voltas, eu deveria me sentar na cadeira e recomeçar a cena.
Estava muito ofegante, e nao consegui começar a cena de imediato. Após consegui iniciar, ele me pede para falar o texto, sem ler, e dando pulos, me abaixando até o chão e me erguendo com um salto, e falando o texto.
Comecei a passar mal. Minha pressão baixou, tive uma conjestão, pois havia almoçado há 1 hora (esse foi um erro grave de minha parte).Meu estomago embrulhou, minha vista escureceu, fiquei tonto. Me sentei na cadeira e falei o texto com improvisações em cima do que estava sentindo. O diretor percebeu que eu estava passando mal. Demos uma pausa. Deitei no chão até melhorar.
Após ter passado , nos sentamos, discutimos novamente a dramaturgia do texto.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Processo de Montagem "O Condenado" 2º Encontro

Eu e o diretor João Bosco nos encontramos novamente. Discutimos o livro e os filmes que ele pediu no primeiro encontro. "O processo" se tornou um referencial para a contrução de nossa dramaturgia. Falamos sobre um sistema que acusa uma pessoa sem ela saber o que tenha feito. Discutimos o perfil desse personagem e suas reações diante dessas acusações.
Alguns fragmentos do livro foram sendo adicionados ao texto de "O condenado". O diretor já havia feito isso antes, trazendo uma parte do texto reescrito e íamos discutindo e acrescentando ao mesmo tempo.
Enquanto ator, eu ia assimilando cada palavra, cada dica. Em minha cabeça, passam mil coisas, mil intenções. Começa-se entao a contrução de meu personagem, de sua personalidade. Muitas idéias surgiram nesse encontro.

Processo de montagem "O Condenado" 1º Encontro

Passo a registrar aqui no blog, o processo de construção do espetáculo: "O Condenado". Sou Jaime Júnior e estou sendo dirigido pelo ator e  diretor João Bosco Amaral.
O projeto foi aprovado na Lei de Incentivo à cultura.
Escrevi um texto sobre um homem que já matou pessoas e roubou um banco. Em seu país, ele foi condenado à cadeira elétrica.  O texto é um monólogo.
Nosso processo de construção, começou em um primeiro encontro que aconteceu na tarde do dia 11.12.2012 nas dependências do Grande Hotel em Goiânia.
Eu e o diretor fizemos uma leitura branca do texto. Ele me disse que não gostava do texto, mas gostava da idéia. Pediu autorização para que pudéssemos reescrevê-lo. Claro que autorizei.
O diretor me disse que eu tenho uma tendência de julgar meus personagens, devo deixar que o público os julgue. Preciso apenas interpretá-los, defendê-los.
Ele me passou algumas referências de filmes e livro para que eu pudesse iniciar a construção , ei-los:
- Livro: O Processo - Kafka
- Filme: O Processo , O Silêncio dos Inocentes

Conversamos um pouco sobre o personagem canibal de "O Silencio dos Inocentes".
Assim, terminou nosso primeiro encontro.

sábado, 3 de novembro de 2012

Peça Didática de Bertolt Brecht


Bertolt Brecht (b.b.) escreveu três categorias de peças didádicas: Peça didática escrita para corais operários, Peça Didática para o rádio e Peça Didática Escolar.
A peça escolar :
- deve ser encenada com os recursos que se dispõe no espaço;
- no caso de apresentação pública da peça didática, Brecht propõe uma relação entre palco e platéia que visa incorporar os espectadores à ação;o
- o adereço na peça didática tem caráter de signo;
- caracteriza seu estilo na lógica da fábula, visando desencadear o processo de discussão e investigação do grupo;
- o objetivo da peça não é a apresentação ou aprendizagem de um sentimento , ensinamento, moral, mas sim o exame coletivo de um recorte da realidade de vida dos participantes.

domingo, 2 de setembro de 2012

O CORPO


É a partir do trabalho com o corpo que o ator encontrará um caminho mais seguro e direcionado se quiser uma melhor compreensão de todo seu aparato criativo, uma vez que nosso corpo é aquilo que, de fato, se relaciona com o mundo exterior, e através dos órgãos sensíveis (tato, paladar, olfato, audição e visão) capta fragmentos deste mesmo mundo que serão absorvidos por nosso cérebro e transformados em sensações.
Stanislvaski, como alguém que combatia o gesto vazio, a ação física estereotipada, vazia de sentido e sentimento, acabou por discorrer longamente em seus livros (fundamentalmente nos três que falam diretamente sobre o trabalho do ator: A Preparação do Ator, A Construção da Personagem e A Criação de um papel) sobre os aspectos que podemos chamar de “interiores” na arte de representar, como a memória, o sentimento de verdade, a comunhão, a imaginação, etc. Entretanto, ao analisarmos, como tive a oportunidade de fazer, seus escritos com uma maior paciência e olhar crítico, iremos perceber que o caminho que leva a experimentação de todos estes aspectos interiores abordados pelo diretor russo é ação física, ou seja, o pontapé inicial da criação do ator é a partir do corpo.

O que é TEATRO DE ANIMAÇÃO


O Teatro de Formas Animadas ou Teatro de Animação é um termo que vem ganhando espaço no meio contemporâneo e tem sido adotado e difundido por autores como Ana Maria Amaral (1996), por ser capaz de abarcar as diversas manifestações da linguagem cênica, onde se destaca a presença do objeto animado na performance do ator manipulador. Isto é, enquanto houver em um mesmo espaço cênico e, atuando ao mesmo tempo, o objeto animado, o ator que o manipula e o público. Deste modo, ao abordar o Teatro de Bonecos, o de Sombras, o de Luzes, o de Objetos, o de Máscaras ou de qualquer outra manifestação teatral, que seja calcada no processo de dar vida, conferir ânima ao inanimado ou ao que se pensa, a princípio, destituído de uma vontade própria, estaremos tratando do Teatro de Animação.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Uma esquete simples e cômica


Peça: O Brigão
Por Jaime Junior

(Um homem chega brigando, batendo em todos, arranjando briga. Num canto, o Rosenval triste, sentado, olhando um copo cheio. Depois do homem bater e  expulsar todos do palco, ele se aproxima do Rosenval)

Homem – E aí?... Fala nada não?

(O homem pega o copo do Rosenval e bebe sua bebida)

Homem – E então? Não diz  nada?

Rosenval -  Pro cê vê quando um cara não ta com sorte: perdi a muié... perdi o emprego... vem um cara e ainda bebe meu veneno!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O segredo do teatro

O ator nao trabalha exclusivavente com seu corpo, mas antes, trabalha sobre suas energias corporais. Essas energias sao forma de se relacionar com o tempo e o espaco as quais sao corpo, mas tambem consciencia ,portanto, atividade fisica e mental das mais refinadas e desenvolvidas que o ser humano foi capaz de produzir ate agora.
                                                Cia Novo Ato

sábado, 2 de junho de 2012

TRABALHO EM EQUIPE

Um grupo de teatro é formado por pessoas diferentes. Com pensamentos e temperamentos diferentes. É preciso que o diretor ou professor de teatro trabalhe exercícios específicos para promover a unidade, o trabalho em equipe e o cooperativismo. Augusto Boal trás em seus livros muitos exercícios sobre esse assunto. 
Não tem como trabalhar  se existe mágoa e falta de respeito dentro da equipe. Pois é necessário a cumplicidade entre todos. 

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Exercício Teatral ( Foco)

1) Andar pelo espaço. Marcar um ponto e ir em direção à ele. Quando chegar nesse ponto, escolher outro ponto e ir em direção à ele. Os andados variam, mais rapido e mais lento. Insistir para que mantenham o olhar no foco, sempre. Esse exercício treina marcaçao de espaço e foco.

2) Andar pelo espaço. E entregue uma bolinha de borracha para uma das pessoas. Essa pessoa continua andando e lança essa bolinha para outra dizendo o nome da pessoa na hora de jogar. E assim sucessivamente. Vão andando pelo espaço e jogando a bolinha para outros dizendo os nomes. Acrescenta mais uma bolinha e depois outra.

O Ator precisa sempre ter seu foco na cena. O foco ajuda na intenção em se realizar algo em cena. Mantendo o foco, o ator interpretará com verdade. Eliminando muita sujeira em cena.

Iniciando a aula

Os alunos ou atores, quando chegam para fazerem uma aula de teatro, chegam com a cabeça cheia de coisas do dia a dia, de problemas e pensamentos mil. E como começar uma aula dessa forma? Com a cabeça cheia de coisas? É necessário que haja um momento de desaceleração dos pensamentos. Uma nova respiração, um relaxamento das tensões do corpo, dos músculos. 
É preciso que se faça exercícios de relaxamento, respiração, a ponto de que os alunos entrem em um estado de relaxamento total. Só assim, é possível ter uma aula, ou um ensaio bastante produtivo. 
Abaixo, alguns exercícios para início de um processo:

1) Pedir que os alunos deitem com as costas no chão, diminua a luz, ou deixe tudo escuro. Peça para que sintam sua respiração. Que sintam o oxigênio percorrendo todo o corpo.  E peça para que vá relaxando os pés, as pernas, as coxas, o abdomem, os ombros, a boca, as bochechas, a testa, etc. Colocar música suave de fundo. 

2) Pedir para que os alunos bocejem e se espreguicem. Soltando sons pela boca. 

3) Fazer os procedimentos do tópico 1 e após, pedir que os alunos pensem em detalhes como foi o dia anterior, ou do ultimo natal, ou do ultimo reveilon, etc. Vai direcionando, desde os despertar até o deitar 

sábado, 24 de março de 2012

Comentários: Espetáculo "Desamor"


Comentários sobre a peça “Desamor” da Cia Oops!

Pessoal, pensa numa peça ruim. De baixa qualidade, um teatro de rua mal feito, onde o público abandona o espetáculo no meio e saem xingando. Onde os atores são mal preparados, um figurinho horrível, um texto que ninguém entende, mal selecionado.
Isso é o que não aconteceu hoje. O teatro de rua que vi, foi algo inexplicável. A Cia Oops! mais uma vez inova e trás o que há de melhor nessa modalidade teatral. Alta qualidade, uma produção digna de ser premiada e os atores  tinham o poder de nos levar a acreditar que a história realmente era real.
O espetáculo “Desamor” trás elementos circenses e muita cor.  O texto nos prende do início ao fim, e há um desenrolar da história num ritmo teatral muito bem trabalhado.  Realmente valeu a pena sair de casa num sábado de manhã, enfrentar o grande tráfico de Goiânia para ter momentos tão prazerosos !  O público composto por crianças, jovens e adultos foram envolvidos pela história. O espetáculo consegue nos tirar gostosas risadas e também momentos de emoção. Um final onde as emoções se confundiram, eu não sabia se ria, se chorava ou se beijava minha esposa, por um efeito que o “Desamor” trouxe, um amor incontrolável...
Parabéns Cia Oops! Com certeza, esse espetáculo, me desculpem, precisa ser copiado , apreciado e estudado pelas futuras gerações!!!!!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Início de um processo

Olá professores! Está na hora de começar um grupo de teatro na sua escola? Bem, vamos lá então!
A grande maioria começa pela escolha do texto que será encenado, depois reúne o elenco , faz uma leitura em conjunto, divide os personagens e manda decorar. Depois já marca o primeiro ensaio.
O resultado quase sempre é trágico! Os alunos abandonam o grupo durante o processo, muitos não dão conta de interpretar o personagem recebido e tudo se complica.
Primeiramente, é preciso entender que para se interpretar é necessário que o elenco passe por um "processo de construção". É importante que o professor escolha uma linha de algum estudioso de teatro como Stanislavski, Grotowsky, Viola Spolin, Boal, etc. Estude o processo escolhido, também estude com o grupo. Deixe o processo prático fluir, construa um corpo, uma inspiração, uma verdade em cada ator. Você verá que o processo será mais proveitoso e agradável, com menos desistências.
Ministrei recentemente uma oficina temática com técnicas de Commedia dell´Art,  foi muito legal! Os alunos amaram e o resultado foi surpreendente. É muito importante você estudar algum autor de teatro.
Agora lembre-se: "O Processo é sempre mais importante do que o produto final!!!!!"

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Valorização do Professor de Teatro

          Um dos maiores problemas que o professor de teatro ( e de outras disciplinas, relacionadas a arte) enfrentam é o preconceito, e daí advém todas as dificuldades : local inadequado para ensaiar, poucas aulas, desvalorização da disciplina, cancelamento das aulas etc. 
          O professor de teatro é visto , como  um professor inferior, já que a disciplina também é vista como brincadeira e distração. Isso dá-se pela falta de conhecimento dos gestores escolares e pela falta de capacitação dos proprios professores de teatro, que desconhecem sua real importancia no meio social, como agente de transformação.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Comentários  sobre o espetáculo "TESTEMUNHAS"  pela crítica, atriz, diretora Letícia Luccheze:
Link do site da Letícia: http://www.leticialuccheze.com/erroeacertonoespacocenico.htm


Vamos ser realistas, mas alguns futuros atores, que escolherem o caminho de stand up, de contador de estórias, ou mesmo o de monodrama; deveriam fazer primeiro, um laboratório dramático com Jaime Júnior. Por que o que foi aquilo? O que foi aquilo? Como pode, um único ator, sob o tablado ter concentração extrema, e dominar características corporais de personagens diferentes, acompanhado também de vozes diferentes? E em primeiro momento, foi feito tudo isso, ao mesmo tempo!!! As primeiras palavras do ator abriram as portas da peça teatral, ao público e mostrou a riqueza que estava por vir. Já dava até orgulho de estar sentado ali e em meio a isso, veio um peso na consciência no valor simbólico que foi a entrada, perante o espetáculo que estava ocorrendo. Como diz Zé Ramalho na música “O meu pais”: “...e as Artes não respeita...Pode ser o país do futebol /Mas não é com certeza o meu pais...”. Como pode isso? O Teatro é tão importante na formação do ser, chamado homem; que está virando porta aberta para o mercado de trabalho competitivo, para quem o tem no seu currículo. Como podemos combinar com os amigos de ir ao cinema e não combinar de ir ao Teatro? Zé Ramalho, bom companheiro nos trilhos das Artes. Jaime Júnior foi esplendorosamente orgânico, teve empatia, e encarnou os personagens de forma que conseguiu tocar no anímico da plateia, emocionando-a desde a primeira palavra, a última. Sua ação exterior foi rica, em expressão gestual e vocal; conseguindo expressar todas as emoções. Foi uma perda, para aqueles que não puderam estar presente e compartilhar deste espetáculo cênico. E olha que a peça esteve em cartaz por três dias consecutivos! No discorrer da peça, em meio as cara e bocas do ator, se pode compreender também como o Teatro Gestual por vezes, fala mais alto e sem impostação. Pois a cada movimento da sua face, de seus braços, de seu corpo dolorido, por vezes retorcido, cansado, desesperado e leproso; mostrou que o ator profissional não tem medo da plateia; pois ela está no tablado junto com ele. Mostrou também que o ator profissional não tem medo de se expor; pois ele está ali fazendo Arte. Arte com seu corpo, Arte com sua voz, Arte que toca no outro que chora. O texto dramático em questão, estava acarretado de clímax, em meio a histórias diferentes, mas todas ligadas por Cristo. E seu tempo dramático, durou exatos trinta e três anos, do seu nascimento a ressurreição. Independente de sua religião, ou se a peça é um auto; vale muito a pena estar sentado numa poltrona e ter a oportunidade que poucos têm de reavaliar a vida, no tempo cronológico de uma peça teatral.