EXERCÍCIOS DE
RELAXAMENTO
Se o exercício de
aquecimento dos músculos do corpo é necessário, o mesmo provoca o endurecimento
do mesmo e para se ter uma boa representação teatral se faz necessário o corpo
estar completamente relaxado, ou seja, sem tensão, para que o ator não entre
duro no palco.Como disse numa entrevista ao Jô Soares, o ator Juca de Oliveira,
o ator relaxado não e´ notado pelo público, é como estivesse invisível. Dicas de exercicios para relaxamento, teatro iniciante:
b-1) VIAGEM
IMAGINÁRIA - Os atores deita-se de costas no chão, braços de lado, sem
cruzar as pernas, de olhos fechados. O professor deve pedir que imaginem que
seus corpos estão muito pesados, afundando no chão. Deve mencionar lentamente
as diferentes partes do corpo, todas elas se tornando mais e mais pesadas:
dedos, tornozelos, pulsos, unhas, pescoço, cabelo, pálpebras. Deve pedir que
imaginem estar numa praia de areia macia e quente, num dia ensolarado. Deve
pedir que se imaginem cercados de sons do mar – ondas arrebentando na praia,
gaivotas gritando ao longe. Então, quando se sentirem prontos, os atores
levantam-se vagarosamente e abrem os olhos, permanecendo quietos. E o professor
deve dizer que a partir daquele momento os alunos já podiam iniciar a viagem
imaginária.
b-1.1) VIAGEM
IMAGINÁRIA I – Após os atores se levantarem, o professor deve pedir-lhes
que imaginem e interpretem o seguinte: afastam-se da praia, sobre dunas de
areia e grama alta. Entram numa floresta sombria que se espalha por todas as
direções. Depois do calor da praia, a floresta está fria e escura. Percebem que
não sabem mais onde estão e começam a ouvir sons estranhos, assustadores, que
vêm de todas as direções. Procuram cada vez mais freneticamente por sinais
reconhecíveis. Então, através da escuridão crescente, avistam uma outra pessoa
(outro ator) na floresta. Sentem-se aliviados por se encontrarem e dizem um ao
outro, em pantomima, como se perderam. Continuam juntos. Enquanto isso, os sons
ficam mais próximos, parecendo mais perigosos; a noite torna-se mais fria e
assustadora. Cada par de atores encontra um outro par; trocam histórias, em
pantomima, e continuam juntos como quarteto. Descobrem uma escarpa rochosa que
se eleva sobre ambos os lados, a perder de vista. Um membro do grupo encontra
uma abertura sob a escarpa, larga suficiente para uma pessoa passar rastejando.
Os membros do grupo ajudam-se mutuamente para atravessarem a abertura,
encontrando-se então de volta a quentura e à luz do sol.
b-1.2) VIAGEM
IMAGINÁRIA II - Após os atores se levantarem, o professor deve pedir-lhes
que imaginem e interpretem o seguinte: eles vêem e sentem o sol se escondendo
atrás das nuvens; o vento ficando cada vez mais forte. Começa a cair à chuva –
a princípio, somente alguns pingos isolados, transformando-se logo após num
aguaceiro frio fustigado pelo vento. Recolhem seus pertences na praia e correm
para se abrigar numa pequena choupana nas redondezas. Entram e encontram lenha
para acender o fogo. Quando o fogo começa a arder, os atores se aquecem, até
que se sintam novamente confortáveis. Olham através da janela e vêem o sol se
abrir novamente. Tentam abrir a porta e descobrem que
não podem sair. Forçam-na e empurram-na, em vão. Ouvem, de
repente, um som agudo que lhes fere os ouvidos. Silêncio então. Tentam sair
novamente à porta ainda está trancada. Olham em volta e vêem outra porta, uma
porta muito pequena. Tentam abri-la e ela se abre, revelando uma passagem
estreita. Entram no corredor, que é frio e cheio de obstáculos. Ele se torna
úmido e lamacento, ficando depois empoeirado, cheio de teias de aranha,
morcegos voando e ratos correndo. A passagem fica cada vez mais estreita,
tornando-se, por fim, tão estreita que os atores não podem se mover. Empurram
as paredes, mas, misteriosamente, elas se movem em direção a eles. Os atores
descobrem uma corda que pende do teto e a puxam. De repente estão livres. A luz
é tão forte que seus olhos doem. Descobrem estar numa sala grande e bonita, a
sala mais bem, mobiliada em que jamais estiveram, com janelas altas, cortinas,
lareira, tapetes persas. Percebem que estão elegantemente trajados. Encontram
comidas – as suas prediletas – em um bufê. Vêem amigos na sala e os
cumprimentam calorosamente, em pantomima. Contam, em pantomima, suas aventuras.
O tempo passa; os convidados ficam cansados e se vão.
b-1.3) VIAGEM
IMAGINÁRIA III – Após os atores se levantarem, o professor deve pedir-lhes
que imaginem e interpretem o seguinte: caminham por uma pequena estrada que vai
da praia até uma cidadezinha. O dia ainda está lindo e ensolarado e eles muito
felizes. Cada ator vê alguém que conhece; formam pares. Cumprimentam -se e
contam um ao outro, em pantomima, algo maravilhoso que lhes ocorreu neste dia.
Os atores devem estar atentos para fazer pantomima do ouvir e do reagir, assim
como do falar. Os pares separam-se e os atores continuam andando individualmente
pela cidadezinha. Os ânimos modificam-se no que eles caminham para mais longe.
Os atores olham para seus relógios: estão atrasados para um compromisso
importante! Ao andarem pelas ruas lotadas, todos os outros parecem ir muito
devagar. Esbarram em bons amigos; cumprimentam-se cordialmente, mas com pressa
explicam, em pantomima, as razões por estarem tão apressados, pedem desculpas
pela afobação e partem. Continuam a correr para o seu compromisso e descobrem,
quando lá chegam, que a porta está trancada - saíram cedo para almoçar. Os
ânimos modificam-se novamente. Sentem-se irritados, frustrados. Caminham pela
cidade, com raiva do mundo. Vêem conhecidos de quem não gostam, mas com quem
sentem que devem agir cordialmente. Formam pares e trocam cumprimentos com
relutância, explicando, em pantomima, seu mau humor. Separam-se. Ao continuarem
sua mal-humorada trajetória, avistam subitamente um cartaz de “liquidação” –
50% de desconto em algo que querem há muito tempo. Novamente, o humor
transforma-se. Conferem em suas carteiras-sim, há dinheiro o suficiente! Entram
na loja e compram o objeto. Saem, carregando alegremente sua nova aquisição.
Encontram com amigos e contam, sempre em pantomima e nunca falando, sobre sua
boa sorte. Convidam -se para um refrigerante ou um sorvete numa lanchonete
próxima.
b-1.4) VIAGEM
IMAGINÁRIA IV – Após os atores se levantarem, o professor deve pedir-lhes
que imaginem e interpretem o seguinte: vagueiam pela praia até a base de belas
montanhas cobertas de neve. Observam por algum tempo as montanhas que agora
cercam em todas as direções. Decidem preparar um lanche para um piquenique e
sair para uma
Caminhada. Escolhem cuidadosamente frutas e bebidas de um
armário que acaba de se materializar; fazem sanduíches grandes e cortam fatias
de seu bolo predileto, embrulham tudo e colocam em cestas. Começam então a
subir as montanhas. A trilha fica cada vez mais tortuosa, fazendo zigues-zagues.
Param ocasionalmente para olhar a maravilhosa paisagem, tomando fôlego e
enxugando a testa. Na trilha, cada um encontra um amigo. Contam, em pantomima,
seus planos para o dia e decidem continuar junto. Sobem cada vez mais,
ajudando-se nos trechos mais íngremes. Ficam cansados. O dia está quente e
ensolarado. Encontram um local para o piquenique e sentam-se, admirando a
vista. Desembrulham seus sanduíches. Está quente e o silêncio é grande.
Subitamente, ambos pensam ouvir algo, algo incomum. Viram-se um para outro,
questionando-se com os olhos. Não ouvem mais nada e retomam o piquenique. De
repente ouvem outra vez o som mais alto: percebem estar ouvindo o som de uma
avalancha. Reagem – Como? Agarrando-se um ao outro? Correndo? Tentando se
esconder?
OBSERVAÇÃO – Você
poderá desenvolver com facilidade as viagens imaginárias ou poderá deixar que
os próprios atores (ou alunos?) as escrevam e conduzam. O requisito principal é
que as situações sejam exageradas o suficiente para poderem ser imaginadas e
respondidas rapidamente em pantomima, e que haja um mínimo de interação entre
os atores.
b-2) RELAXAMENTO A
TRÊS (para adolescentes e adultos) - A pessoa deita respirando
profundamente, enquanto as outras duas testam suas articulações, ao mesmo tempo
em que controlam sua respiração. Quem relaxa não deve colaborar em nada com
seus relaxadores, deve brincar de "morto". Os relaxadores devem
descobrir as tensões e fazer com que elas se desfaçam, com toques suaves nas
articulações. Olhos fechados e respiração profunda devem ser uma constante na
pessoa que relaxa. Cinco minutos são suficientes para um treinamento inicial, e
logo esse relaxamento poderá ser substituído por jogos de relaxamento de
caráter mais lúdico.
b-3) RELAXAMENTO NA
CADEIRA - O participante senta-se na cadeira, totalmente relaxado, outro
integrante testa o seu relaxamento tocando nas articulações dos braços, pernas
e cabeça. De três a cinco minutos é tempo suficiente para tempo inicial. Esta
variante pode ser utilizada quando as condições do chão não permitem deitar, ou
como parte do processo de relaxamento em diferentes posições.
b-4) PENDURADOS NO ESPAÇO
- (domínio do movimento) - Há um fio que nos prende verticalmente em alguma
parte do corpo, essa, por sua vez, irá sendo sugerida pelo coordenador. Toda a
tensão ficará nessa parte do corpo, enquanto as outras partes permanecem no
mínimo de tensão, apenas o necessário para o corpo ficar na vertical, com o
máximo de relaxamento, como uma marionete pendurada, as partes sugeridas são:
mão, cotovelo, um ombro, dois ombros, costas, bumbum ou barriga. Pode -se usar uma
música, com movimentação por todo espaço.
NOTA: este
exercício aparece aqui em função de que o domínio do movimento e o relaxamento
estão intimamente ligados. Ele pode, inclusive, anteceder o jogo das
marionetes.
b-5) MARIONETES -
Este é um tipo de relaxamento onde nossa imaginação é mais ativa, mas também
representa um grande desafio à nossa perseverança. O participante deve imaginar
que é uma marionete, dirigida por um marionetista que não conhece o seu ofício.
Deve ser executado sem ansiedade e sem preocupação com os resultados finais, colocando
toda ênfase em descobrir o peso e o relaxamento dos membros. A repetição
permanente pode ser um bom caminho para obter bons resultados. os fios da
marionete podem ser na cabeça, pulsos, ou cotovelos, sendo que será pendurada
por um fio na base do pescoço e outro no cóccix, devendo caminhar a partir de
fios no quadril e nos joelhos. Quando já existe um domínio da marionete poderão
ser sugeridas motivações, e criadas diferentes situações para estes marionetes.
b-6) TENSÃO E
RELAXAMENTO - Deitados no chão, bem relaxamento, respirando profundamente.
O coordenador dá o sinal "Tensão", e todo o corpo se contrai fazendo
uma figura rígida a partir do chão, por uns segundos, e mantendo o equilíbrio
dessa figura. Ao sinal de "Relaxa" a pessoa solta todo o corpo,
caindo relaxada. O importante desse exercício é sentir através do
"choque", a tensão e o relaxamento em forma extrema.
b-7) ESPREGUIÇAR
SOLTANDO A VOZ-Após o relaxamento deve-se esticar os músculos do corpo e
espreguiçar, em voz alta, sem tensionar o pescoço, mas tencionado só as partes
que se esticam. o objetivo desta ação é usar como provocação, um tabu social,
transformando-se em exercício de expressão. Espreguiçar em sentido vertical,
horizontal e no chão, esgotando todas as possibilidades.
b-8) CHUÁ - Este
exercício é de fácil realização. O aluno que vai ser relaxado é envolto por
três ou quatro relaxadores que colocam as duas mãos sobre sua cabeça e ao sinal
do orientador descem as duas mãos rapidamente pelo corpo do aluno a ser
relaxado, dizendo chuá, como se fosse um "passe" de Umbanda. Deve-se
repetir por umas três vezes este exercício em cada pessoa, para que ocorra o
efeito esperado de relaxamento.
b-9) A REDE -
Este exercício segue os mesmos princípios do exercício da viagem imaginária, ou
seja, os alunos devem deitar-se de costas no chão, braços de lado, sem cruzar
as pernas, de olhos fechados. O professor deve pedir que imaginem que seus
corpos estão muito pesados, afundando no chão. Deve mencionar lentamente as
diferentes partes do corpo, todas elas se tornando mais e mais pesadas: dedos,
tornozelos, pulsos, unhas, pescoço, cabelo, pálpebras. Deve pedir que imaginem
estar numa praia de areia macia e quente, num dia ensolarado. Deve pedir que se
imaginem cercados de sons do mar – ondas arrebentando na praia, gaivotas
gritando ao longe. Então, quando se sentirem prontos, os atores levantam-se
vagarosamente e abrem os olhos, permanecendo quietos. Após esta fase inicial
igual, o exercício começa a se diferenciar, quando o professor pede para que os
alunos comecem a imaginar que existe uma rede embaixo deles nesta praia e que
esta rede começa a subir e passar dentro dos seus corpos e retirar todas as
impurezas de suas vidas: Toda maldade que houverem praticado, todo medo que
tiveram, toda inveja que tenham tido, toda briga com amigos ou familiares, toda
intriga que praticaram, toda discórdia que
realizaram e que a cada coisa que esta rede está retirando
eles ficariam mais leves, cada vez mais leves e que quando a rede saísse de
seus corpos eles começariam a flutuar e pegariam esta rede e a enrolariam e a
levariam voando para dentro do mar, cada vez mais longe, cada vez mais longe,
até chegarem no meio do oceano, onde não existe nada mais do as ondas com suas perfeições.
Então cada um deveria jogar sua rede nestas ondas e veria nestas ondas
perfeitas todas suas maldades, todos seus medos, todas suas invejas, todas suas
brigas com amigos ou familiares, todas suas intrigas, todas suas discórdias se
dissiparem nestas ondas. E ao terminar, o orientador diria: “- Vocês vão voar
de volta à praia da qual saíram e lá encontrarão com os outros alunos e
retornarão a pé de mãos dadas para este bairro (bairro em que se localiza a
escola), para esta escola, para este local. Quando todos abrirem os olhos, passa-se
a fase dois. O orientador realiza uma série de atividades (frases e gestos) e
depois que todos façam-nas com todos os outros. As atividades - 1º) Cada um
aponta para si e diz - Tudo de bom para mim! 2º) Cada um aponta para o outro e diz
- Tudo de bom para você; e por fim 3º) Um aponta para o outro e se braça
dizendo - Tudo de bom para nós. Este exercício é recomendado para unir uma
classe ou um grupo de teatro.
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